sábado, 14 de novembro de 2009

Por que Ainda Existem Macacos?


Por que ainda existem macacos se eles evoluíram para seres humanos? Por que não vemos animais evoluindo? Por que não são encontrados fósseis intermediários de animais que a ciência diz aparentados? São exemplos de questionamentos sinceros de pessoas que merecem uma explicação:

A visão popular de que o homem veio de macacos modernos foi uma interpretação equivocada da frase “homens e macacos compartilham um mesmo ancestral primata” proferida pelo biólogo inglês Thomas Huxley. Esta visão somada à idéia de que um ser se transforma diretamente em outro através de mutação faz com que muita gente pense que os macacos deveriam ter sumido por terem “virado” homens. O problema desta crença popular é que um animal não evolui durante sua existência. Nunca será visto um peixe se transformando em anfíbio nem um macaco em homem, pelo menos não por processo natural. A evolução ocorre quando há mutação na reprodução do organismo, originando um membro ou uma linhagem fértil com característica não existente nos pais. Se a nova característica for benéfica, o novo ser desenvolverá e se reproduzirá passando a característica à prole. Se for prejudicial, ele morre sem deixar descendentes, pois a natureza elimina os menos adaptados ao ambiente, processo chamado de seleção natural. É importante observar que, embora na seleção sexual, que é parte da seleção natural, haja espécies cuja força é determinante, não é a força o fator predominante na preservação de uma espécie, mas a adaptação ao ambiente. Desta forma um animal menor e mais frágil pode superar uma escassez de alimentos que um mais forte e maior não suportaria por necessitar de mais provisão para sobreviver que o mais fraco.
As mutações têm origem nas alterações ou falhas do DNA, durante a produção de células reprodutoras, causadas por interferências externas como a ação de radiação, de elementos químicos, de vírus ou por fecundação com material genético de outra espécie. Quando ocorrem falhas no DNA de células não reprodutoras em organismos pluricelulares já formados, mecanismos reparadores internos à célula implementam a correção das partes danificadas. Quando estes mecanismos falham o sistema imunológico entra em ação destruindo as células mutantes, porém, quando o sistema imunológico também falha, as mutações não transformarão o organismo em outro ser, mas darão origem ao que é conhecido como câncer.
O isolamento geográfico é o fator mais comum responsável pelo surgimento de novas espécies. Quando parte de um agrupamento de animais migra para outra região e fica isolado em um meio ambiente diferente de suas origens, certas mutações, antes prejudiciais ou nulas, podem beneficiar os indivíduos nesse novo ambiente. Depois de várias gerações o acúmulo de mutações produzirá uma nova espécie que não poderá mais procriar com a espécie original mesmo que elas venham a habitar novamente um mesmo ambiente. Embora mais dificilmente, uma espécie pode dar origem à outra sem isolamento ambiental se a mistura de genes não tornar o gene mutante cada vez mais raro. Cavalos, rinocerontes e antas, por exemplo, têm origem em um mesmo ancestral primitivo; lhamas e camelos compartilham um mesmo ancestral; onças, gatos, leões, linces e tigres compartilham um mesmo ancestral felino; todas as espécies de aves têm um mesmo dinossauro ancestral; chimpanzés, bonobos, homens, orangotangos e gorilas compartilham o mesmo ancestral primata e todas as formas de vida tiveram um único ancestral microscópico há bilhões de anos atrás.
A especiação, ou seja, o surgimento de uma nova espécie a partir de outra é um processo demorado para o padrão de tempo humano, mas devido à grande biodiversidade há alguns casos registrados pela ciência. O vírus da gripe, por exemplo, necessita de nova vacina a cada ano devido às mutações que sofre. O vírus influenza A (H1N1) da gripe suína surgiu recentemente na natureza a partir da recombinação de material genético de outros vírus influenza. O vírus HIV, da AIDS, já apresenta pelo menos três novas variações, uma delas considerada super vírus, mais resistente ao coquetel de medicamentos que têm mantido muitas pessoas vivas há pelo menos uma década. Recentemente nova espécie de roseira sem espinhos foi encontrada em uma floricultura brasileira, na Serra da Ibiapaba, divisa do Piauí com o Ceará, originada por mutação natural de roseira com espinhos. No nordeste dos Estados Unidos surgiu naturalmente uma nova espécie de mosca a partir de uma espécie anterior, a qual, diferindo em hábito da espécie original, se alimenta de um arbusto introduzido na América do Norte há menos de 250 anos. Seres vivos mais complexos como os mamíferos, que têm cadeia de DNA mais longa, requerem mais tempo para que ocorram erros genéticos significativos durante a geração das células reprodutoras, por isso é mais difícil observa-los evoluindo. Entretanto muitas são as evidências da evolução também destes. Espécies de baleias que ainda preservam ossos dos quadris revelam ancestrais que possuíam membros inferiores; aves que possuem asas, mas não voam, revelam ancestrais voadores; o surgimento de dentes em algumas espécies de aves devido à ativação de genes adormecidos revela a origem réptil destas; espécie de papagaio sem asas revela que esta perdeu as asas devido à mutação; fendas branquiais em embriões de certos mamíferos, inclusive do homem, são vestígios de seus ancestrais marinhos; o osso cóccix humano e de primatas sem calda é vestígio da calda encontrada em espécies animais aparentadas; as estruturas homólogas revelam que homens, baleias, morcegos e uma grande diversidade de animais, inclusos os extintos pterodátilos, compartilham uma mesma estrutura óssea herdada de um ancestral comum pentadátilo.
Talvez o comportamento repugnante dos animais, sem higiene nem racionalidade, e o jeito desengonçado dos macacos em seus corpos quase humanos faça muita gente repudiar a idéia que também é um animal. Mas basta olhar com um pouco mais de atenção para as características e hábitos humanos, camuflados pela cultura, que se percebe o quanto animais e homens têm em comum. As fêmeas humanas menstruam como as fêmeas de várias espécies de caninos e primatas. Os pêlos que recobrem todo o corpo humano são encontrados em praticamente todos os mamíferos. Inclusive os arrepios, devido à sensação de frio, são provenientes de um mecanismo biológico que procura aumentar a camada de ar quente sobre o couro dos animais de grande pelagem, mas ainda permanece inutilmente no código genético humano. Como muitas outras espécies, o ser humano defeca, urina e faz sexo para sobreviver. A existência de orelhas e mamas é uma forma de classificar o homem entre os mamíferos, pois aves e répteis não possuem tais características. Assim pode-se listar uma infinidade de afinidades entre homens e animais que inegavelmente explicitam sua ascendência animal. Mas a capacidade racional e emocional que a natureza proporcionou ao homem, lhe presenteando com um córtex cerebral complexo, o fez pensar, na sua ignorância, que estava classificado acima dos animais do mundo real e um pouco abaixo dos anjos de seu mundo imaginário.
Além da genética, da análise das estruturas homólogas e análogas, do desenvolvimento embrionário e da análise química do DNA, o material fóssil é também uma importante comprovação da veracidade da teoria da evolução. A fossilização é um processo natural que preserva a estrutura petrificada de tecidos duros como os ossos dos animais e celulose dos vegetais. Mas por que não são encontrados fósseis que revelem cada pequeno degrau da evolução de todos os seres vivos? Porque, apesar de terem sido encontrados muitos milhares de fósseis de um grande número de espécies animais e vegetais, a fossilização não é um processo fácil de ocorrer, desta forma uma infinidade de espécies passaram pela Terra sem deixar nenhum registro de sua existência. Para ocorrer uma fossilização deve haver um processo como soterramento ou mergulho em lama de animais e vegetais vivos, ou logo após sua morte, que evitem o seu consumo por predadores e bactérias, algo muito difícil. Posteriormente esta sepultura natural deve sofrer um processo de endurecimento ou de fusão de partículas, o que nem sempre acontece, para se transformar em solo rochoso. Finalmente o terreno deve ficar intacto tempo suficiente até que uma forma de vida inteligente tenha capacidade de encontrar sítios arqueológicos e investir na pesquisa deles. Desta forma somente uma fração da fração de espécies fossilizadas são encontradas e nem todas foram suficientemente estudadas. Embora não se tenha os fósseis de todas as microevoluções ocorridas na Terra – porque a natureza não está a serviço do homem para fossilizar amostras de cada novo ser que produz – o material que se têm é mais que suficiente para se traçar a árvore evolutiva e identificar-se os elos que culminaram nas espécies modernas a partir das primitivas. Vivas ou fossilizadas, aqui foram citadas algumas das inúmeras evidências demonstradas pelos campos da biologia, paleontologia, geologia e genética que revelam a gradativa e incessante evolução de todos os seres vivos, inclusive do homem e de seus parentes mais próximos, os macacos.
Fonte:http://obomherege.blogspot.com/2009/05/por-que-ainda-existem-macacos.html